Erotismo & Espuma

No caminhar
vacilante
e apressado
através
do cais
e das gentes
banhadas
pela febre
ardente
dos ventos
atlânticos
e da irreverência
lúgubre
do sorriso lunar
à meia-noite.

No entre por
dos passos
emaranhados
de marinheiros
tropicais
iluminados
pela densidade
das coisas
terrenas
e bêbados
naufragados
num cruzar
de espadas
infinito.

Transvirados
e estranhos
mediam-se
pelo peso
do prato
rachado
o lamento
úmido
por aquelas
outras naus
perdidas
no entardecer
das coisas.

Clamavam
solenes
pelo dedilhar
de remos
eretos,
protestando
e uivando
ansiosos
pelo correr
momentâneo
das águas
salgadas
inundando
as frestas
ocas
do mundo.

Hastearam
tuas bandeiras
trêmulas
à costas
lisas
e frágeis
pelo pavor
das ondas
ancoradas
pelo sal
e pela prece
à afrodite-do-mar,
suplicando
em reverência
ímpar
que o anjo
branco
e marinho
não se
desfaça
na espuma.

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