Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2017

fragmento perdido

sentado aqui sozinho e calado em meio ao caos do mundo espero por algo que ainda não tem nome ou forma ou até mesmo função, tantas marcas deixadas em meu corpo e eu espero abandonado de espírito por algo que atinja o peito, que faça expurgar o latido dos cães e as goteiras do telhado. sentado aqui silenciando a entrega, quase como uma afirmação de fé de que subitamente daremos algum sentido aos retratos e as coisas que permanecem sempre as mesmas.

Coisas vãs

todas as sextas construimos pontes monumentais ao invisível dos olhos, perfumamos o corpo, a casa, o templo, na esperança de sermos vistos, não só vistos, mas amados, de alguma forma esperamos e insinuou a espera como uma doação ilimitada, uma carga dramática, um último arrepio nos poros da tua pele, o olho soberano de deus, grandíssimo sol encarnado, rei pacificador da tempestade, da chuva passageira a canção sem-fim todas as sextas cantamos com as vozes do amor e aquele ponto fixo no mapa, a estrela maior na casa de touro se afasta, enquanto explode em prata a angústia da noite e dos dias iguais em simetria. todas as sextas, como a pedra que rola a montanha, nos encontramos, nos esgueiramos pela subida, apenas para cairmos e nos perdermos de novo e de novo. e mais uma vez. até que um novo dia nos redima.