estrutura romântica sobre a selva

uma única luz cega
brilha
sobre o apartamento lá fora.
água e folha,
insetos sobrevoam
nossa cama,
desfazem-se em acrobacias
perigosíssima
recitando Tavares,
o zunido das asas
traduz o tédio
em acaso,
abre um pequeno vão fendido
na casca
da árvore em chamas,
anuncia em língua
de prata e encanto
seu doce veneno,
mais uma vez sua
ausência
(e sua fuga)
mais uma vez venta
em nossos olhos,
morrem-se então os insetos
kamikazes
na busca incessante
e na certeza de um instante,
um único sopro de amor
ou luz
que renovasse
a vida.

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