a noite que pousa no homem

acho que tenho andado
muito perdido, por um
momento as coisas
pareceram tão tênues,
o caminho foi ficando
tão pequeno, foi ficando
difícil respirar,
tudo parecia estreito,
eu mesmo não cabia mais
nem sei, com certeza
se estava ali

ou se estava, quem sabe,
expondo meu corpo ás infinitas
pombas no beiral da janela
em troca de um pedaço,
um farrapo qualquer de alguma
coisa que fizesse sentido
e não faz, as vezes parece
que clareia, mas é sonho,
um momento antes
do furacão.

um segundo e estamos aqui,
presos num céu intergaláctico
de estrelas que despencam,
envoltos por uma coisa
escura como uma capa
que agarra o corpo
da gente, suga nosso ar,
parece que você some aos
poucos dentro da bruma
e que tudo é tão distante
e longe e dói.

mas você sabe né
que de alguma forma
você vai viver, se permite até
ter alguma esperança,
uma pequena bituca acesa
enquanto a cidade inteira
dorme. ou finge.
e as palavras rolam
por seus caminhos ocultos
através da veia aberta
e da lâmina que passeia
a mira em busca do alvo:
o peito do poeta.

na janela
um raio radioativo
projeta alguma luz
sobre a fechada
de pedra,
algo bem parecido
com um negocio
feio e torto
chamado coragem.

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