coisas que movemos no escuro

a gente só precisa
da gente mesmo
do sol
e de uma ou duas
doses de coragem
pra desafiar os penhascos
deter os vulcões
as calamidades atômicas
provocar moinhos
e batalhar contra
cordas
presepadas
de todos os tipos
e excessos

sem nem ao menos
capturar
nem libertar
a estrela andarilha
do outro que cintila
vestida
de prata fina
e tênue
de delicadas
camadas
sob camadas,
uma semi-joia
de puro neon
e brilhantina

quem sabe
talvez
por um momento ligeiro
seja nos permitido
atravessar
pelas brumas
do dia,
uma sombra
um cisco
um sopro

por breves segundos
de um pequeno dia
à desaguar
em nossas cabeças
e tombar
nossos joelhos,
descansar os pés cansados
em alguma praia
de areia branca
e inexplorada

até mesmo brigar
e romper
e fugir
com todas as armas,
com todas as defesas
todos os escudos
brutos
do centro
do plexo

para que talvez
hoje
ontem
tenhamos a sorte
e a sina de caminharmos
descalços e nus
limpos
de qualquer vergonha
semelhança
ou carência

despido e aceito
no palácio
de luzes roxas
que flutua
enfeitado por frutas silvestres
salgueiros
e encantamentos sutis:
o próprio mistério
das fadas.

o sonho do sonho.
a fantasia.
o fantasma.
e pra que

se o que precisamos
mesmo

de verdade

é de uma flor
azul
e coragem

essa maldita
bendita
coragem
de lutar nossa luta
todos os dia
de sorrir e chorar
nosso pranto

escancarar o peito
enfiar o dedo
fundo
cuspir o veneno
a cura
o sol
e a coragem.

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