tratados de noite

cumprimos a promessa displicentemente,
não houve guerra nem incêndio
nem juras eternas nem doces enganos
perdidos no calor do momento.
não haveria mesmo de se ter
qualquer arma branca
ou negra ou suja
com o sangue derramado
de outras feridas. feridas de flor.
feridas compostas de outras vidas,
de outros pequenos momento
na conjuntura do mundo.
não haveria mesmo de se
ter resgate, condição ou pedido
no caminho do jogo
não haveria mesmo de se ter
anúncio, alerta, passagem
transporte pelo vão
da semi-escuridão inconsciente
das noites mal-dormidas,
das coisas diárias
perseguidores (in)determinados
da saliva do outro, da cura pro fosso,
do topo, do corpo métrico ofertado
mediado e pago pela nudez
santificada do moço,
pelo pão sacro exposto,
pelos homens largados suados e nus
e um tanto quanto crús
à contabilizar causos e pérolas
ou lamber velhas feridas,
memorizar os minúsculos detalhes
um do outro, cada curva, cada tropeço,
cada pelo grosso despontando
em tuas coxas divinas: um presente,
um carinho enviado pelo anjo carmesim
de Dionísio, Deus das coisas expostas, entregues, patrono incorrigível
dos prazeres abençoados da carne.
raia o dia novamente, o santo reza
e a vida passa.

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