interdição aos vagalumes

cintilam dois pequeno vagalumes
por de trás das suas pálpebras fechadas
em algum ritual sagrado para a catarse absoluta ou você apenas cerra os olhos
na esperança de tocar por alguns minutos
o centro do mundo, o umbigo de deus:
todas as coisas, até as coisas que
penduramos esperando o sol de amanhã,
até as cinzas dos cigarros e a chama,
o pavio, a bomba e o estilhaço,
talvez você até pressinta minha ânsia,
pois sempre que te toco e toco consciente
do ato sublime das mãos você se move
e se afasta e se recolhe e cerra as pálpebras descansando os vagalumes em alguma
floresta inabitada, onde talvez habitem feras perigosas e seres fantásticos de pura luz,
talvez você até tenha aprendido algum
segredo com as folhas do carvalho,
talvez você tenha desenvolvido o mistério
dos rios e seja você mesma feita d'agua,
uma antiqüíssima força que só se toca
com a ponta dos dedos, algo parecido com magia, uma espécie nova de amar e perecer.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Dos amantes

descontinuado

Ensaio contra o Sol